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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Rede social do Google abre páginas para empresas

Google+ Pages permite que marcas corporativas criem uma página no serviço

Reuters. Por Alexei Oreskovic - A nova rede social do Google abriu suas portas para que empresas criem páginas especiais na Internet, uma medida que pode estimular visitantes a passar mais tempo no site e ajudar o Google a equiparar suas ofertas às do rival Facebook.

As "Google+ Pages" permitirão que marcas corporativas e negócios estabeleçam uma página especial no serviço de rede social do Google.

O Google afirmou que 20 empresas, incluindo Toyota, Pepsi e Macys abriram páginas especiais no Google+, e que qualquer companhia poderá em breve fazer o mesmo. Até o momento, somente indivíduos podiam entrar no Google+
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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cunha: a força da palavra “tortura” | Conversa Afiada

Cunha: a força da palavra “tortura” | Conversa Afiada

Liberdade de Expressão

A força da Palavra

Na quimera do combate ao pensamento, as ditaduras caçaram o suspeito de sempre: a palavra – expressão das vozes, território da cultura, pátria da liberdade. A palavra é sempre perigosa, porque alarga as fronteiras, os idiomas, as ideias, hasta las ideas ajenas. A palavra ensina, mostra, revela, e por isso precisa ser escondida, aprisionada, silenciada. Em nome de sua santa cruzada contra a subversão, militares do Cone Sul conseguiram contrariar a lógica, inverter o pensamento, confundir a razão, subverter a palavra. A força da palavra, de repente, ficou encarcerada pela palavra da força. A força das ditaduras no Chile e no Uruguai conseguiu deformar pelo absurdo o significado de dois ícones da civilização: dignidade e liberdade... A ditadura daqueles tempos conseguiu a proeza de transformar Dignidad em sinônimo de tortura no Chile, conseguiu a façanha de tornar Libertad um endereço de prisão no Uruguai. Naqueles tempos, naqueles lugares, Dignidad e Libertad machucavam a carne, sangravam a alma. A ditadura, só a ditadura, tem a força para deturpar a palavra, para inverter o sentido moral das coisas, para converter o nexo das ideias no seu avesso.( Cunha, 2011)


Os cidadãos da América Latina (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia) que viviam um momento importante no desenvolvimento do seu país em meados do século XX foram marcados em sua história pela força bruta de regimes ditatórias. Estes regimes em qualquer dos países em que foi implantado derrubou governos democraticamente eleitos impondo através da violência uma agenda de restrições a quem ousasse manifestarem-se com o mais simples pensamento.


O silêncio, não aquele silêncio gostoso de estar confortável tranqüilo e em paz, mas o silêncio que oprime que gera o medo. O silêncio da palavra engasgada, da não palavra, da omissão, do medo.


Vivemos atualmente em país que está fortalecendo a sua democracia. Estamos aprendendo quais são as responsabilidades que os cidadãos devem ter com suas palavras e atitudes. Herdamos uma tradição de em nome de nossa segurança pessoal e de familiares ignorarmos o que acontece aos outros, cuidando assim somente de nosso pequeno mundo. Estamos como bebês aprendendo a caminhar num terreno que nossa geração ainda não conhece muito bem.


Somos constantemente bombardeados com informações que nos fazem acreditar que nossa caminhada é vã. Que não temos competência suficiente para escolher os caminhos que devemos trilhar. Os mesmos que apregoam incansavelmente essa falsa verdade, só não dizem que são os mesmo que usufruíram de vantagens e se firmaram nos regimes ditatórios. Muitas vezes serviram ao regime militar em nome da imparcialidade e coragem, que em tese deveria ter os meios de comunicação. Quem pessoalmente ou em suas organizações ousou enfrentar a ditadura sofreu punições, privações e teve que conviver com uma vigilância ostensiva.


“O Brasil também era varrido por aquela estranha sanha assassina contra as mãos. No início dos anos 1960, o jornalista Antônio Maria (1921-1964) era um artífice das palavras, o maior cronista do Rio de Janeiro. Escrevia no jornal getulista Última Hora, adversário direto da Tribuna da Imprensa, do eterno conspirador Carlos Lacerda.
Irritados com os constantes ataques de Maria ao seu chefe, capangas de Lacerda atacaram o jornalista e lhe quebraram os dedos das duas mãos. No dia seguinte, para surpresa de todos, Maria voltou com outro artigo impiedoso, que não falava do espancamento. Na última linha, porém, o cronista escreveu: – Que tolos! Eles pensam que os jornalistas escrevem com as mãos…” (Jornalista Antônio Maria)



Nossa palavra foi amordaçada, trancada, mutilada. A América Latina perdeu grandes cérebros, foram diversas décadas perdidas, diversas gerações que deixaram seus sonhos guardados. Diversos lideres que não tiveram a oportunidade de nascer, pois seus pais foram mutilados por serem guerrilheiros. Anos de luto e de luta escondida em porões com julgamentos arbitrários e parciais. Anos que não podemos esquecer.


“Você não é um guerrilheiro. É algo pior: com um piano e um sorriso você põe a negrada no bolso e faz os negros acreditarem que podem escutar Beethoven. Formaram você para tocar para nós e agora você prefere tocar para a negrada!” (torturador ao se referir ao pianista guerrilheiro Montonero, Estrella)


Os cidadãos do Cone Sul têm o dever de conhecer profundamente como era a lógica dos ditadores que governaram seus paises e como eles agiam para impor sua forma de ver o mundo. Tem o dever de valorizar o momento que vivemos hoje sem esquecer que muitos foram violados em seus direitos básicos para chegarmos aqui. Temos muitos heróis que ajudaram a construir esse momento com a própria vida, pois não se curvaram ao pensamento único, foram rebeldes com causa e sua causa era a nossa causa: a liberdade.


“Sem eufemismos, digo claramente: delinque quem vulnera a Constituição nacional. Delinque quem emite ordens imorais. Delinque quem cumpre ordens imorais. Delinque quem, para cumprir um fim que crê justo, emprega meios injustos e imorais. A compreensão desses aspectos essenciais faz a vida republicana de um Estado”... Se não pudermos elaborar a dor e cicatrizar as feridas, não teremos futuro. Não devemos mais negar o horror vivido, e assim poder pensar em nossa vida como sociedade que avança, superando a pena e o sofrimento. Em nome da luta contra a subversão, o Exército derrubou o governo constitucional e se instalou no poder em forma ilegítima, num golpe de Estado. Venho pedir perdão por isso e assumir a responsabilidade política pelo desatino cometido no passado. No poder, o Exército cometeu ainda outros delitos. O Exército prendeu, sequestrou, torturou e assassinou – tal qual o fizeram os delinquentes subversivos – e muitos de seus membros viraram delinquentes como eles”. ( pronunciamento do comandante supremo do Exército argentino, Martín António Balza em entrevista para o maior canal de Tv de seu país)